sábado, 21 de junho de 2008

O mundo pode ser meu


O céu nem sempre é tão azul como eu desejaria. O sol parece-me, de tempos a tempos, mais pequenino como se tivesse medo de brilhar. Às vezes nem a noite é perfeita, quando a sua alma se esquece de iluminar os pequenos lagos e corações.

De vez em quando, estou sozinho no mundo. Quando não sinto os outros como meus, quando não me transmitem quaisquer sentimentos. Estou sozinho porque o mundo pode ser meu se eu quiser. Sem ninguém por perto as feridas doem um pouco menos e as lágrimas são menos salgadas. Sim, ter o mundo para nós é preciso. Para repararmos que o céu está diferente, que o sol nos parece mais distante ou que, ao anoitecer, algo falta na harmonia do negro manto que nos envolve.
O mundo pode caber no nosso bolso. As coisas que nos magoam podem caber no nosso bolso. A grandeza está no que sentimos. No que somos e no que fazemos.
Não é preciso ser-se especial para tocar nas estrelas, basta apenas acreditar que elas cabem na palma da nossa mão. É para isso que eu quero o mundo para mim durante alguns momentos. Para não me esquecer que posso ser enorme e superar tudo o que me magoa bem cá dentro, onde os sonhos e os medos andam de mão dada. Para não perder a esperança de criança de deslizar num arco-íris. Para ter sempre presente a força de saber que nenhum sofrimento me roube as pérolas que dão mais brilho ao espírito.

O mundo pode ser meu. É-o neste momento. Apenas para reforçar as cordas que me prendem aos sonhos que não posso nunca perder. E embora o céu possa ser menos azul hoje, a esperança de o ver novamente resplandecente amanha dá significado ao acto de viver. Não podemos perder a fé neste mundo que possuímos. Pelas imensas coisas horrendas que possui compensa de forma simples mas estrondosa. Através de um sorriso de uma criança, de uma pessoa altruísta, de uma senhora de cadeira de rodas que adora viver, de um mergulho numa praia qualquer.



Fábio Nobre 21\06\2008