segunda-feira, 1 de setembro de 2008

o ser Desumano

Tanto ódio e revolta cuspidos em forma de mísseis e bombas. A incompreensão que mata e destrói pilares da nossa humanidade cada vez mais podre e pobre. Crianças que passam fome e crianças obesas. Olhos que já não têm lágrimas para chorar e olhos que não têm coragem para ver e enfrentar a crueldade que existe, subsiste e resiste para lá dos adornados direitos do Homem.

Radicalismos extremados por uma religião que se esquece de falar de amor. Kamikazes em busca de um paraíso perdido num qualquer livro poeirento. O desprezo agonizante que se dá ao ambiente e à Mãe Natureza em troca dos arranha céus e dos transportes mecânicos e poluentes. Fábricas imundas que crescem a um ritmo atroz para produzir coisas fúteis e superficiais que apenas enganam e iludem as massas, cegas pela estupidez que a sociedade lhes impinge através dos sistemas “educativos”. Um verdadeiro poço de estrume no qual todos nós aprendemos irremediavelmente a nadar para ofendermos e marginalizarmos os poucos que ainda dão a mão às árvores e às águas límpidas.

A cor da pele que importa mais do que o bater do coração. A ignorância e o analfabetismo que esmaga o povo de cor negra e que, durante toda a história da Humanidade, o obrigou a lutas sobre-humanas somente para existir. A nossa espécie está com manchas de sangue irremediáveis e a nossa alma está condenada a carregar o eterno peso da discriminação que nos faz rastejar entre os vermes.

Os pequenos gestos de amor e bondade que ainda se avistam de quando em vez são imediatamente abafados pela pura maldade que emana do mais profundo do nosso ser.

O ser Desumano é mais eficiente de arma em punho do que de flor na mão. Apenas por isso se destroem imensas florestas e apenas por isso se fabricam toneladas de material bélico.


Fábio Nobre