domingo, 20 de dezembro de 2009

Ser criança...


Ser criança é acreditar que a lua é feita de queijo. Que o sol se deita no mar e as nuvens são feitas de algodão doce. Ser criança é chorar por ter o joelho ensanguentado como se isso fosse o fim do mundo. É acordar todos os dias com mil e uma coisas novas para descobrir.


Eu já fui criança. Já joguei ao berlinde, já joguei à bola com uma garrafa de plástico, já gostei da menina mais bonita da turma. Acordava cedinho de manhã para ver os desenhos animados, brincava na rua com os meus amigos, chegava atrasado para jantar porque não ouvia a minha mãe chamar. Já possuí no olhar o brilho da irresponsabilidade, da ingenuidade. Acreditei que os bebés nasciam de beijinhos na boca, não pensava nos problemas do mundo, a minha vida começava e acabava na minha cidade. Tinha a certeza que o pai natal descia da chaminé e tinha pena por sujar as calças de cinza quando aterrasse na lareira. Abraçava a minha mãe e não tinha medo de lhe dizer que a amava, admirava o meu pai e queria ser Homem como ele um dia.


Eu já fui criança. A minha vida já foi um recreio. Já acreditei nas coisas perfeitas. Já quis ser astronauta. Imaginava que iria casar com uma menina linda, de longos cabelos escuros e teríamos muitos filhos pequeninos. Já fui criança. Já fui feliz.


Já não sou mais criança.


Fábio Nobre 13/11/09