quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
A Primeira Vez
Os temores que invadem um escritor aquando da criação da sua obra são imensos. As dúvidas que o assolam são obsidiantes e avassaladoras e parecem castrar, em certos momentos, toda a sua capacidade criativa. Eu começo a saber isto agora. Começo a entender que quando escrevo parecem-se formidáveis as palavras que vão saindo. Quando asleio são apenas razoáveis e quando as releio são más. E então volto a lavrar a terra que já tinha sido trabalhada. Um texto nunca está pronto. Há sempre mais que fica por dizer do que aquilo que foi dito. Todos os escritores procuram mesmo: dizer o que realmente querem e cada livro que publicam é uma nova tentativa infrutífera de o fazerem.
Já comecei o meu novo projecto: um romance. O meu primeiro romance, quiçá o único, o último. E nesta fase, as dúvidas e temores perturbam-me e martelam-me na mente com atrocidade. Eu resisto e avanço por esse corredor escuro. tacteando as paredes, tentando descobrir o caminho na penumbra e esperando que a luz me alcance. Sou mais medo que coragem. Mas avanço. Rasgo caminho por entre as palavras que ficam por escrever e espero que possa ser bem sucedido nesta minha aventura. Sei agora que escrever um romance é uma aventura, requer fôlego, perspicácia e teimosia. Sou o início do que quero começar e espero que consiga lidar com essa pressão.
Fábio Nobre. Devo este nome aos meus pais, avós, bisavós, trisavós, tetra-avós e por aí adiante. Fábio Nobre: é agora o meu momento de existir e não devo isso a ninguém. Estou eternamente agradecido a muita gente mas este agora sou eu. Fábio Nobre: agarra no lápis e desenha os rabiscos da tua vida.
23/12/2010
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Perder-te
E os dias trespassam-me o espírito sabias? E as noites são um incêndio que me cercam e me impedem de dormir. E as memórias são cordas que me enforcam. E esta casa é uma cadeira eléctrica. E a rua é ácido sulfúrico no estômago. E isto porque te perdi, porque no dia em que o teu corpo deixou de te pertencer eu esqueci-me do que é sorrir. E até o tempo me corroer as vísceras e me levar para perto de ti, chorarei de todas as formas possíveis. Estamos os dois mortos, a diferença é que eu ainda respiro.
Fábio Nobre
domingo, 11 de julho de 2010
Agora que partiste
E sobre mim
Deixaste as cinzas do teu amor
Agora que o dia se dilui
Tímido mas sublime
E o mar escurece
Agora que as luzes da cidade
Aprendem a brilhar mais uma vez
E as ruas ficam abertas
Agora que a vida se deita
E adormece aconchegada
Longe dos punhais
Agora finalmente sei
Que há algo de grandioso
Nas coisas que terminam.
Fábio Nobre
segunda-feira, 29 de março de 2010
Não consigo saber o que sou
Os dias acumulam-se em meus ombros, como se me martelassem o peso do tempo. Estou atrasado, estou adiantado, não estou. A vida foge-me com a mesma voracidade com que a persigo. Perco tempo a persegui-la, perco tempo a desejá-la. Estou intermitente, ora sou, ora quero ser.
Mais vale sentar-me e ficar vazio. Não ser os sentimentos nem as emoções. Dentro das minhas pálpebras, sou tudo. Deixo-me ficar assim. E o mundo continua na mesma…
domingo, 14 de fevereiro de 2010
Memórias...
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
A quê?
Até onde vai o nosso coração? Capaz do melhor e do pior, percorre as extremidades do nosso espírito. Quem somos e do que somos capazes? Fazer da água vinho, voar com asas de seda? Em que ponto nos precipitamos? Qual o limite para as nossas acções?
Será o amor a medida de todas as coisas? Será o ser humano capaz de conter em si tudo o que há no universo? Conseguiremos nós ser mais do que vermes rastejantes? Haverá momentos em que somos sublimes? Hoje a vida é um poço escuro mas amanhã tudo parecerá melhor