sábado, 15 de março de 2008

Desabafos

Desabafos…pequenos barcos de papel navegando num qualquer rio de palavras. Dias que amanhecem dentro de nós. Lágrimas de cristal. Janelas que se abrem para que o nosso espírito não sufoque. Aqueles pedaços de estrela que desejamos partilhar.
Desabafos…quem não os tem? Quem consegue viver sem retirar as pedras que se acumulam no coração? Sem contar aquelas coisas que nos fazem ter um nó na garganta?
É necessário deitar cá para fora aquilo que nos faz chorar quando, à noite, percebemos que somos frágeis como porcelana. Quando temos a noção que os sentimentos são o que de mais poderoso possuímos. Nessa altura e só nessa altura é que entendemos que somos pequeninos demais para enfrentar sozinhos os contratempos que fazem parte da vida. Então, a imensa vontade de nos expressarmos irrompe como um raio de sol na escuridão da madrugada.
Eu, de cada vez que sinto essa vontade acutilante de desabafar, escrevo! É a minha forma de dizer que estou vivo! Que sou eu em cada emoção diferente que me percorre a alma, em cada gesto ou atitude que tomo, cada texto que surge do turbilhão de sentimentos que me preenchem.
Os meus textos são, pois, os mais profundos e sinceros desabafos. É neles que guardo as ruas mais secretas e as esquinas mais silenciosas. É neles que eu coloco os meus pedacitos de estrela.





Fábio Nobre

domingo, 2 de março de 2008

Lembras-te?

Lembras-te daquela vez que fomos passear à beira mar numa amena noite de Primavera? Estávamos os dois tão nervosos. Eu queria proferir frases muito poéticas mas apenas balbuciava palavras sem nexo das quais tu te rias timidamente. E depois passavas a mão pelo cabelo… e tudo o que eu queria transmitir ficava suspenso no silêncio do teu gesto. Eram momentos embaraçosos mas doces como o aroma da maresia fundido com o teu perfume suave. E recomeçava novamente com os gaguejos apaixonados na tentativa de te dizer o que sentia…
-Amo-te! – Disse finalmente.
Tu paraste. Sentaste-te na areia húmida e agarraste-me na mão. Pediste-me para eu me sentar ao teu lado. Apontaste para a lua e disseste que parecia um berlinde e que sempre tinhas adorado berlindes. Sorriste. Depois apontaste para o seu reflexo prateado no mar. Disseste que eu era a lua e que o mar eras tu. Beijaste-me. E não disseste mais nada. Não era preciso. E ficámos assim abraçados a ver o mar a noite toda.
Hoje sei que há noites em que o mar não espelha a lua…


Fábio Nobre