sexta-feira, 1 de maio de 2009

Quando tudo cai...


Ele olhou-a nos olhos e soube. Ela não aguentou e baixou a cabeça. Começou a chorar como se isso a desculpasse e, entre soluços e gaguejos, balbuciava palavras de arrependimento e apelava vergonhosamente à sua compreensão.


- Quantas vezes foram? – a pergunta que era simultaneamente o seu punhal e a sua ferida, numa certeza desconcertante de ter já o coração quebrado.


-Foi só essa vez e foi porque, porque… - as frases já não lhe saiam completas e ela sabia que o havia perdido para sempre.


- Sai! Sai já do quarto que um dia foi nosso mas que tu profanaste como só as vacas sabem fazer.
Ela saiu. Ele ficou. Ela chorava. Ele chorou. Olhou para os lençóis onde a traição fora consumada, arrancou-os da cama e deitou-se apenas no colchão. Pensou que chorar não valia a pena. Que as lágrimas que possuía eram de longe mais valiosas que qualquer mulher. Sentiu nesse momento que o amor era uma névoa, uma bruma como Avalon, que na realidade não existia mesmo. Sentiu que as mulheres não sabiam amar e jurou nunca mais se entregar a mais nenhuma.


Ela estava desconsolada. Sentia que tinha perdido o homem da sua vida por um momento de fraqueza. Odiou-se. Olhava no espelho com repugnância. Telefonou-lhe vezes sem conta mas nunca chegou a ouvir a sua voz. Ficou sozinha durante anos. Nunca mais soube amar tão intensamente.




Fábio Nobre 06\09\08

Um comentário:

Cello disse...

Novamente a surpreender-me pela a possitiva exelente texto, boa forma de aboredar o tema com muita orinalidade que ja tas habituado a fazer frase mais pesada "Ele olhou-a nos olhos e soube. Ela não aguentou e baixou a cabeça.". continua tamos cá quando a corrida e inteçao e igual na meta e no fim vamos sorrir!

Prop's Paz mano.