quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
Melancolia...
Um passo demorado. Os olhos postos no chão, fitando o infinito. As mãos nos bolsos do casaco. O rosto pálido e doente. O silêncio na sua mente, o eco infindável das palavras que prefere calar. As lágrimas que já não tem, os sentimentos que já não lhe tocam na alma. Um bloco de gelo em vez do coração.
A vida virou-lhe as costas. Tirou-lhe a alegria de um abraço, a doce ternura de um inocente beijo, a reconfortante sensação de bem-estar. Esquartejou-o no mais profundo do seu ser, no que de mais valioso ele possuía.
O tempo que já pesa nas costas. As rugas que anunciam a velhice de um homem já morto por dentro. As mãos calejadas de uma vida inteira de trabalho numa mina qualquer. O cabelo fraco e branco, graciosamente penteado para o lado. A bengala para ajudar a caminhar. Quando se é velho, andar é uma luta. E cada lufada de ar é uma vitória. E este homem é triste no mais profundo de si. Falta-lhe a paz e o sossego para morrer em harmonia com o mundo e consigo próprio.
É apenas quando se deita, que este homem sente uma ligeira brisa de felicidade. Quando olha para o retrato que está em cima da mesa-de-cabeceira. O único momento do dia em que um sorriso lhe invade o rosto e uma lágrima cai em cima da moldura. Não há nada que mate um amor e um romance com esta força e intensidade.
E todas as noites, o velhote dorme com o retrato bem junto do seu frágil coração, à espera, enfim, de voltar a ver quem a morte lhe roubou.
Fábio Nobre
A vida virou-lhe as costas. Tirou-lhe a alegria de um abraço, a doce ternura de um inocente beijo, a reconfortante sensação de bem-estar. Esquartejou-o no mais profundo do seu ser, no que de mais valioso ele possuía.
O tempo que já pesa nas costas. As rugas que anunciam a velhice de um homem já morto por dentro. As mãos calejadas de uma vida inteira de trabalho numa mina qualquer. O cabelo fraco e branco, graciosamente penteado para o lado. A bengala para ajudar a caminhar. Quando se é velho, andar é uma luta. E cada lufada de ar é uma vitória. E este homem é triste no mais profundo de si. Falta-lhe a paz e o sossego para morrer em harmonia com o mundo e consigo próprio.
É apenas quando se deita, que este homem sente uma ligeira brisa de felicidade. Quando olha para o retrato que está em cima da mesa-de-cabeceira. O único momento do dia em que um sorriso lhe invade o rosto e uma lágrima cai em cima da moldura. Não há nada que mate um amor e um romance com esta força e intensidade.
E todas as noites, o velhote dorme com o retrato bem junto do seu frágil coração, à espera, enfim, de voltar a ver quem a morte lhe roubou.
Fábio Nobre
Assinar:
Postar comentários (Atom)
5 comentários:
ai....
que texto...que palavras...
nem digo mais nada,sequer....
pra que??
és um MAXIMO, meu fabi*
Fabio... curti bue deste texto, o senhor tem mesmo jeito a dominar a escrita =) Muito parabens. Espero vir a ler mais textos seus e vou recomendar aos meus outros amigos blogueiros ;)
Bjos, Camila
Subtil...porém Intenso!!
Gostei muito. Parabéns pelo teu bom trabalho, pelo teu gracejo de palavras...
*****Carol.
mt jeitinho pa escrever....este rapaz não precisa de mais nada, apenas de um papel e lapis pa sobreviver, podem tirar-lhe o ar pk ele respira poesia....ja te disse antes e volto a dizer, tu es um verdadeiro escritor, não precisas de viver as coisas para falares delas....tu nunca foste um velho cuja rotina é vivida pela saudade de um amor perdido...por isso és um verdadeiro escritor!!!!n sei, mas espero que quando vivas realmente as coisas possas escrever ainda melhor!!!!! NUNO
Será possível escrever assim tão bem ? Quando me mandaram este blog nem pensei que fosse algo assim ..
Que velhote tão romântico que encontraste .. Que história tão trágica e tão linda que escreveste .. Só espero um dia encontrar um amor assim tão forte , que dure para sempre e faça corações tremer e chorar ..
Beijinho , agirl *
Postar um comentário