segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Diferenças...

Não quero ser diferente, se a diferença te magoa. Não quero as minhas palavras em algum beco escuro do teu coração. Não quero que me chames cobarde por falar de amor. É fácil, dizes tu. É fácil falar de amor porque coloco nas frases sentimentos que não são meus, que tenho medo de possuir, que me derrubam uma e outra vez. É esta a tua dura mas justa sentença. Sempre tiveste alma de juíza e uma apetência especial no julgamento que fazias das pessoas. Para ti eram de vidro, uma imitação barata de cristal.


Nunca tiveste fé nas pessoas. Considerava-as pesadas demais para voar. E no entanto, ouvia-te à noite a chorar lágrimas que não te pertenciam. Desgostos passados que teimavam em trespassar a tua armadura egocêntrica. Andaste muito tempo perdida em antigos tormentos e não me quiseste como farol. Acabaste por embater nos rochedos que pensavas já ter vencido.


Quem te magoou dessa forma? Que punhal te feriu de morte? Quantas pessoas te fizeram perder a esperança na nossa espécie? Nunca encontrei respostas para as perguntas que te distanciavam de mim. Senti-me sempre uma pedra na tua vida. As excepções contavam-se pelos dedos, naqueles raros momentos em que me beijavas ardentemente, como que a pedir socorro.


No resto do tempo, deambulavas sozinha nessa tua ilha deserta. E eu nunca soube ser o teu barco de resgate.


Fábio Nobre 21\11\2008

sábado, 1 de novembro de 2008

Estilhaçado...


Conheces-me? Em que canto do meu coração te perdeste? Qual dos meus sinais te escapou? Sim! Acredita que as lágrimas que derramei por ti foram sinceras. Assim como os momentos que juntos passámos. Sempre fui eu. Pelo menos quando me abraçavas sei que era eu porque o teu perfume não me deixava mentir, a tua cabeça encostada no meu ombro tornava-me pequenino e o teu olhar sufocava-me. Sim, fui sempre genuíno contigo porque era-me impossível mentir com a batida cardíaca a duzentos.


Ainda hoje quando olho para o teu retrato na minha mesa-de-cabeceira não consigo fingir que não me afectas. E quando a encosto ao meu peito ainda sinto os teus cabelos nas minhas mãos, o teu perfume pelo ar, os teus olhos cor-de-avelã a penetrarem-me na alma. Ainda verto algumas lágrimas por ti. Sei que nunca me amaste. Nem eu sei até que ponto te amei. Mas algo em mim ficou estilhaçado quando deixei de te ver e sentir.


Hoje o dia está cinzento. Como da última vez que te vi. Mas dessa vez chovia. Chuva que apenas caia dentro de mim. Mas fui forte, sequei as gotas de água salgada e virei costas sabendo apenas que alguma coisa dentro de mim tinha sido estilhaçada.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Às vezes...


Viver dói. Não sei se é o mundo que é grande demais ou o meu coração que é muito pequeno. E porque não posso fugir sempre que sinto as pernas tremerem, tenho que enfrentar os obstáculos que me surgem. Como se isso fosse fácil e bastasse um sopro para derrubar aquele pesadelo que não nos deixa seguir o nosso caminho.


Olhar para o céu e gritar. Gritar a liberdade de podermos optar. Secar as lágrimas que teimam em cair. Essas gotas de cristal, gotas de um coração fragilizado. Essa chuva miudinha que carrega o sal que o corpo não deseja. Seguir em frente, como se cada passo fosse planeado. Como se recebêssemos um mapa da vida à nascença.


De vez em quando, viver dói. Mas é só às vezes. Quando tenho a certeza de que nunca me entrará pela janela uma fada para me adormecer com uma história de embalar recheada de animais fantásticos e princesas lindas. No resto das vezes, deixo a janela do meu quarto aberta e espero...


Fábio Nobre



segunda-feira, 1 de setembro de 2008

o ser Desumano

Tanto ódio e revolta cuspidos em forma de mísseis e bombas. A incompreensão que mata e destrói pilares da nossa humanidade cada vez mais podre e pobre. Crianças que passam fome e crianças obesas. Olhos que já não têm lágrimas para chorar e olhos que não têm coragem para ver e enfrentar a crueldade que existe, subsiste e resiste para lá dos adornados direitos do Homem.

Radicalismos extremados por uma religião que se esquece de falar de amor. Kamikazes em busca de um paraíso perdido num qualquer livro poeirento. O desprezo agonizante que se dá ao ambiente e à Mãe Natureza em troca dos arranha céus e dos transportes mecânicos e poluentes. Fábricas imundas que crescem a um ritmo atroz para produzir coisas fúteis e superficiais que apenas enganam e iludem as massas, cegas pela estupidez que a sociedade lhes impinge através dos sistemas “educativos”. Um verdadeiro poço de estrume no qual todos nós aprendemos irremediavelmente a nadar para ofendermos e marginalizarmos os poucos que ainda dão a mão às árvores e às águas límpidas.

A cor da pele que importa mais do que o bater do coração. A ignorância e o analfabetismo que esmaga o povo de cor negra e que, durante toda a história da Humanidade, o obrigou a lutas sobre-humanas somente para existir. A nossa espécie está com manchas de sangue irremediáveis e a nossa alma está condenada a carregar o eterno peso da discriminação que nos faz rastejar entre os vermes.

Os pequenos gestos de amor e bondade que ainda se avistam de quando em vez são imediatamente abafados pela pura maldade que emana do mais profundo do nosso ser.

O ser Desumano é mais eficiente de arma em punho do que de flor na mão. Apenas por isso se destroem imensas florestas e apenas por isso se fabricam toneladas de material bélico.


Fábio Nobre

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Histórias...


As histórias que somos. As que desejamos ser um dia. As que sabemos que nunca seremos. Os passos que damos rumo ao que pensamos ser o melhor. As nossas expectativas mais íntimas, os nossos medos mais profundos, os segredos que apenas as lágrimas conseguem compreender. A vontade de entregarmos o coração a alguém que nos entenda e nos ame pelo que somos. O receio de ter que dormir todas as noites na solidão de uma cama fria. O nó na garganta que nos impede de chorar quando aprendemos a ser uma ilha. Sem amarmos, sem sermos amados.


O amor é talvez um precipício. Todos caímos nele mas nem todos nos levantamos. Tudo se resume a esse sentimento. As palavras que não saem, os fins de tarde passados sem sorrir, as mãos que cobrem uma face sem esperança. O tempo que passa e o que fica. O que passa na nossa vida e o que fica na nossa alma. As saudades, os remorsos, os enganos…


Histórias apenas…Que se entrelaçam, que se amachucam, que colidem, destroem mas que não vivem sozinhas. Histórias que não acabam, que teimam em não começar, que não se percebem, que doem cá dentro, que nos tornam imortais, que nos matam todos os dias um bocadito. No fim, são histórias. A minha, a tua, a dela, a nossa. A vida não é um conto de fadas. As histórias não acabam sempre bem. Não ficamos sempre com a princesa, não construímos sempre o nosso castelo. Não vivemos sempre felizes para sempre…


O meu desejo é humilde. Apenas o de amar e ser amado. O de acordar sempre com beijos apaixonados. O de fazer amor na praia uma e outra vez. O de ver na mulher que amo a própria extensão do meu ser. O de ter ajuda para escrever a minha história…

Fábio Nobre

sábado, 21 de junho de 2008

O mundo pode ser meu


O céu nem sempre é tão azul como eu desejaria. O sol parece-me, de tempos a tempos, mais pequenino como se tivesse medo de brilhar. Às vezes nem a noite é perfeita, quando a sua alma se esquece de iluminar os pequenos lagos e corações.

De vez em quando, estou sozinho no mundo. Quando não sinto os outros como meus, quando não me transmitem quaisquer sentimentos. Estou sozinho porque o mundo pode ser meu se eu quiser. Sem ninguém por perto as feridas doem um pouco menos e as lágrimas são menos salgadas. Sim, ter o mundo para nós é preciso. Para repararmos que o céu está diferente, que o sol nos parece mais distante ou que, ao anoitecer, algo falta na harmonia do negro manto que nos envolve.
O mundo pode caber no nosso bolso. As coisas que nos magoam podem caber no nosso bolso. A grandeza está no que sentimos. No que somos e no que fazemos.
Não é preciso ser-se especial para tocar nas estrelas, basta apenas acreditar que elas cabem na palma da nossa mão. É para isso que eu quero o mundo para mim durante alguns momentos. Para não me esquecer que posso ser enorme e superar tudo o que me magoa bem cá dentro, onde os sonhos e os medos andam de mão dada. Para não perder a esperança de criança de deslizar num arco-íris. Para ter sempre presente a força de saber que nenhum sofrimento me roube as pérolas que dão mais brilho ao espírito.

O mundo pode ser meu. É-o neste momento. Apenas para reforçar as cordas que me prendem aos sonhos que não posso nunca perder. E embora o céu possa ser menos azul hoje, a esperança de o ver novamente resplandecente amanha dá significado ao acto de viver. Não podemos perder a fé neste mundo que possuímos. Pelas imensas coisas horrendas que possui compensa de forma simples mas estrondosa. Através de um sorriso de uma criança, de uma pessoa altruísta, de uma senhora de cadeira de rodas que adora viver, de um mergulho numa praia qualquer.



Fábio Nobre 21\06\2008

sábado, 31 de maio de 2008

Portugal. O meu país. O país que vive no passado. De orgulho eternamente ferido. Ainda com lama na cara, ainda com lágrimas no coração. Um futuro que tarda a chegar num presente continuamente resignado. O medo que parece ter de brilhar, de se levantar. Chega de estar de joelhos! És maior que isso. Todos nós que te formamos somos maiores que isso. O peso da história não nos pode continuar a vergar. Não nos pode obrigar a prestar vassalagem, não nos pode atrasar mais! O orgulho de ser lusitano tem que superar isso tudo.

É de peito cheio que digo que sou português. Pelo glorioso passado que tivemos e pelo grande futuro que sei que nos espera. Somos um povo cheio de potencialidades. O tempo tem sido a prova disso mesmo. O país saudosista, a alma tão tradicionalmente melancólica, os fados… é preciso aliar isso a uma perspectiva de ambição e de desenvolvimento. O gigante adormecido que descobriu meio mundo não pode agora estar completamente perdido nele.

Neste momento, falta-nos a confiança, a esperança e o empenho. Mas eu acredito em Portugal. Se é utopia acreditar, então chamem-me louco. Não falo dos oitocentos anos de existência que temos, mas dos próximos oitocentos que nos esperam.
Sempre batalhámos contra todas as adversidades, sempre possuímos no sangue o sal dos oceanos que dominámos. Sempre tivemos o maior coração. Agora começa a chegar o momento de provarmos novamente a nossa força. Contra tudo e todos!

Porque sempre foi o nosso fado marchar contra os canhões!


Fábio Nobre 08\05\2008

quinta-feira, 1 de maio de 2008

O meu futuro acaba todas as noites à meia-noite. E recomeça todas as noites à mesma hora. As minhas expectativas são de 24 horas. O mundo é incerto demais para planos muito cuidadosos. E eu não quero a minha vida planeada. Quero o momento. Não sei quando me soprará a morte ao ouvido por isso prefiro aproveitar o sopro da vida enquanto ainda o sinto.

Que palavras bonitas estas. Que teoria mais bela a minha. Que mentira ardilosa que escrevo! Quem vive o presente sem pensar num futuro brilhante? A maldição do tempo! A crueldade de termos consciência da impossibilidade de sermos eternos. Este cubículo existencial sob o qual nos tentamos, inutilmente, estruturar. A vontade universal de querer deixar uma marca para a posterioridade na tentativa de fugir ao esquecimento.


O presente não nos dá essa hipótese. Oferece-nos antes o doce veneno de vivermos a cada segundo um momento irrepetível. Cada dia que passa é um novo filho dessa armadilha que nos castiga a todos com infindáveis questões. Por isso o momento…o presente se preferirmos…esse é tudo o que temos. O amanhã é tão-somente uma gota de água que esperamos beber.


Exactamente por essa razão, tento aproveitar cada minuto como se fosse o meu último. Procuro não pensar demasiadamente em planos futuros porque esses podem, eventualmente, afogar-se naquela gota de água que nunca beberei…

Fábio Nobre

quarta-feira, 9 de abril de 2008


Por vezes, quando penso no meu passado, apenas uma palavra me vem à mente: sorte! As felizes lembranças que guardo sempre comigo, debaixo da minha almofada dos sonhos, e que me fazem dormir melhor todas as noites. A meu lado estarão sempre aqueles amigos que tantos sorrisos me deram, tantos momentos únicos me proporcionaram, tanta coisa me ensinaram sem darem por isso.

No meu coração, estão lá todos dentro de uma casinha a jogar às cartas e a conversar, à espera que eu apareça por lá para lhes fazer companhia. E um dia eu irei novamente ter com eles. Não neste momento, que ando ocupado demais com o meu presente. Mas um dia, voltarei a ser a criança do sorriso fácil, das mãos cheias de vento, das canelas doridas das quedas de bicicleta, dos joelhos ensanguentados dos jogos de futebol, da pele descascada das imensas idas à praia. E nesse dia, voltarei à casinha para os levar a todos a voar por esses momentos mágicos que fizeram de mim o que sou hoje.

Não sei o que serei amanhã. Mas ontem sei o que fui. E do que fui e do que fiz, não me arrependo de uma linha sequer. Cada segundo que passei com as pessoas que adoro está cravado na minha alma. Orgulho-me de saber que o meu passado é a mais linda melodia. E sempre que estou tristonho, o pessoal lá da casinha canta baixinho essa melodia para que eu seja o único a ouvir e para que nunca me esqueça de todas as aventuras que juntos passámos.


Fábio Nobre 07\04\08

sábado, 15 de março de 2008

Desabafos

Desabafos…pequenos barcos de papel navegando num qualquer rio de palavras. Dias que amanhecem dentro de nós. Lágrimas de cristal. Janelas que se abrem para que o nosso espírito não sufoque. Aqueles pedaços de estrela que desejamos partilhar.
Desabafos…quem não os tem? Quem consegue viver sem retirar as pedras que se acumulam no coração? Sem contar aquelas coisas que nos fazem ter um nó na garganta?
É necessário deitar cá para fora aquilo que nos faz chorar quando, à noite, percebemos que somos frágeis como porcelana. Quando temos a noção que os sentimentos são o que de mais poderoso possuímos. Nessa altura e só nessa altura é que entendemos que somos pequeninos demais para enfrentar sozinhos os contratempos que fazem parte da vida. Então, a imensa vontade de nos expressarmos irrompe como um raio de sol na escuridão da madrugada.
Eu, de cada vez que sinto essa vontade acutilante de desabafar, escrevo! É a minha forma de dizer que estou vivo! Que sou eu em cada emoção diferente que me percorre a alma, em cada gesto ou atitude que tomo, cada texto que surge do turbilhão de sentimentos que me preenchem.
Os meus textos são, pois, os mais profundos e sinceros desabafos. É neles que guardo as ruas mais secretas e as esquinas mais silenciosas. É neles que eu coloco os meus pedacitos de estrela.





Fábio Nobre

domingo, 2 de março de 2008

Lembras-te?

Lembras-te daquela vez que fomos passear à beira mar numa amena noite de Primavera? Estávamos os dois tão nervosos. Eu queria proferir frases muito poéticas mas apenas balbuciava palavras sem nexo das quais tu te rias timidamente. E depois passavas a mão pelo cabelo… e tudo o que eu queria transmitir ficava suspenso no silêncio do teu gesto. Eram momentos embaraçosos mas doces como o aroma da maresia fundido com o teu perfume suave. E recomeçava novamente com os gaguejos apaixonados na tentativa de te dizer o que sentia…
-Amo-te! – Disse finalmente.
Tu paraste. Sentaste-te na areia húmida e agarraste-me na mão. Pediste-me para eu me sentar ao teu lado. Apontaste para a lua e disseste que parecia um berlinde e que sempre tinhas adorado berlindes. Sorriste. Depois apontaste para o seu reflexo prateado no mar. Disseste que eu era a lua e que o mar eras tu. Beijaste-me. E não disseste mais nada. Não era preciso. E ficámos assim abraçados a ver o mar a noite toda.
Hoje sei que há noites em que o mar não espelha a lua…


Fábio Nobre

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Melancolia...


Um passo demorado. Os olhos postos no chão, fitando o infinito. As mãos nos bolsos do casaco. O rosto pálido e doente. O silêncio na sua mente, o eco infindável das palavras que prefere calar. As lágrimas que já não tem, os sentimentos que já não lhe tocam na alma. Um bloco de gelo em vez do coração.
A vida virou-lhe as costas. Tirou-lhe a alegria de um abraço, a doce ternura de um inocente beijo, a reconfortante sensação de bem-estar. Esquartejou-o no mais profundo do seu ser, no que de mais valioso ele possuía.
O tempo que já pesa nas costas. As rugas que anunciam a velhice de um homem já morto por dentro. As mãos calejadas de uma vida inteira de trabalho numa mina qualquer. O cabelo fraco e branco, graciosamente penteado para o lado. A bengala para ajudar a caminhar. Quando se é velho, andar é uma luta. E cada lufada de ar é uma vitória. E este homem é triste no mais profundo de si. Falta-lhe a paz e o sossego para morrer em harmonia com o mundo e consigo próprio.
É apenas quando se deita, que este homem sente uma ligeira brisa de felicidade. Quando olha para o retrato que está em cima da mesa-de-cabeceira. O único momento do dia em que um sorriso lhe invade o rosto e uma lágrima cai em cima da moldura. Não há nada que mate um amor e um romance com esta força e intensidade.
E todas as noites, o velhote dorme com o retrato bem junto do seu frágil coração, à espera, enfim, de voltar a ver quem a morte lhe roubou.


Fábio Nobre

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008


Sinto-me pequeno. Ao teu lado sou formiga. Sou um dente de leão preparado para voar quando soprares. A espuma que resta da onda que me provocaste no coração. A poeira que escreve amor no ar, quando passas. Sou ainda a ferida que a tua seta me causou.

Não te chamo princesa porque não tenho nenhum castelo. Não sou príncipe, não tenho cavalo nem tão pouco espada. Mas tenho as palavras. E são elas o meu castelo, o meu cavalo, a minha espada. Pedes-me o céu, a lua e as estrelas. Eu só tenho palavras. Desejas o oceano, a Primavera e todos os raios de Sol. Só palavras te posso oferecer. Em mim, só elas fazem sentido, só elas valem tudo sem me custarem nada. São o bater do meu coração, a minha ilha deserta, a minha fruta, a minha cabana.
Não te posso dar nada do que me pediste. Mas o que te dou, mais ninguém tem. As minhas palavras são somente tuas, desde a letra mais pequena até ao texto mais vasto, tudo te pertence. Talvez por isso te possa chamar princesa. Princesa do meu castelo. Princesa das palavras que são sussurradas ao ouvido, escritas numa carta perfumada ou simplesmente guardadas no espírito.

Pedes-me o coração. Esse não to posso dar. Esse já te pertence há muito tempo. E não existe no mundo qualquer palavra que possa mudar isso.
Fábio Nobre

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

O meu novo Rumo


O meu novo rumo… A minha nova forma de pensar, de sentir, de viver. Uma filosofia mais madura, mais coerente, mais fácil. Uma tentativa de crescer a nível emocional e sentimental. Um olhar diferente sobre mim e sobre o mundo. Tenho que aprender a ver-me de maneira mais positiva e completa e só assim o meu mundo será mais positivo e completo. Ter noção deste facto é já um passo gigante.
Agradecer pelo que tenho em vez de me queixar pelo que me falta. Este é o meu novo lema. É também a minha bóia de salvação, a minha força. Tenho tanta coisa linda na minha vida que seria muito egoísta queixar-me do que ainda me falta. E é tão pouco comparado com o que eu tenho.
Ser feliz é, por isso, mais fácil. É mais simples um sorriso. Como o de uma criança de 10 anos. Haverá melhor filosofia de vida do que a de uma criança? Haverá melhor forma de viver do que aquela despreocupada e alegre, apenas virada para o hoje e o agora? Não será mais giro pintar a vida de azul, verde, lilás e amarelo em vez de cinzento, castanho e preto? É isso que estou a aprender. A sentir-me bem nas coisas mais simples, que são as mais belas. Estou a aprender a ser eu, no bom e no mau, a entrar na corrente em vez de batalhar contra ela.
A cada novo dia sinto-me mais completo. Mais orgulhoso de mim mesmo. Por tudo o que já passei e vivi, tudo o que aprendi, o que vi e senti, tudo o que me tornou mais igual a mim próprio. E um dia, sei que quando me olhar ao espelho, vou ver um grande homem. Um homem que soube enfrentar os seus medos, que perseguiu os seus sonhos até tocar nas estrelas, que fez tudo o que podia para ter um sorriso mais bonito e sincero. É este pensamento que me dá força para ir um pouco mais além, mesmo quando parece que estou no limite. E se sentir as asas pesadas e não conseguir voar, irei mesmo a pé, mas desistir não será nem nunca poderá ser uma opção. Até lá, o espelho vai mostrando alguém em crescimento, alguém que, mesmo tendo por vezes o céu carregado de nuvens tempestuosas, ousa tentar tocar na lua.
Este é o meu novo rumo. O rumo à lua.
Fábio Nobre

Se a vida te deu asas, voa menina. Não tenhas medo e voa. Lá em cima das nuvens todos os problemas são mais fáceis de resolver. Não precisas de te preocupar com chuvadas e temporais porque aí só o Sol brilha. Sente o perfume do mar e das flores, das montanhas e dos vales e vê como é linda a vida se for vista lá do alto das nossas emoções.

Se a vida te deu asas, voa menina. Constrói um castelo de algodão doce nas nuvens para te defenderes. Não é preciso ser-se feito de pedra e cal para se ser um grande e forte castelo. Basta ter sonhos e desejos suficientes e como isso terás o maior castelo que possas imaginar. Combate os problemas de frente porque os anjos não desistem nem perdem. Luta pelo que ambicionas e torna-te na pessoa que ilumina a paisagem apenas com um sorriso. Faz do céu a tua casa e das estrelas as tuas vizinhas e confidentes.

Se a vida te deu asas, voa menina. Nunca desistas de viver. Nunca deixes a chama da paixão extinguir-se. Abre as asas de seda e supera o teu próprio destino. Espalha a vida e a alegria lá do alto da tua varanda e vê como é precioso cada minuto que vivemos. Torna-te na lua mais bela e elegante. Assim, quando eu te quiser encontrar, basta procurar o luar pelos cantos perdidos da noite.

Se a vida te deu asas, voa menina. Pode ser que um dia destes fiques conhecida como a fada das nuvens brancas…
Fábio Nobre


Dedicado a uma amiga muito especial e importante para mim...

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Vamos contar as estrelas


Vamos contar as estrelas amor,
Anda vem comigo…
Vem perder-te na noite que me aperta,
Vem ver como é lindo o céu,
E como a lua brilha só para te encantar.

Deita-te comigo na relva húmida
E conta as estrelas que te acenam com a sua luz,
Deixa-te ficar amor porque esta noite…
Esta noite é nossa, esta noite sou teu e
Nesta noite só o desejo fala,
Nós ouvimos
E contamos as estrelas e sentimos a relva húmida.

Fica comigo meu amor antes que a noite fuja,
Não a deixaremos fugir para já
E quando for embora já não precisaremos dela,
Porque a noite são os teus lábios tocando nos meus
E as estrelas são as minhas mãos passando pelo teu corpo.
A lua? A lua é o teu sorriso amor…o teu olhar, a tua respiração.

Num súbito momento a noite somos nós, aquilo que nos une,
Aquilo que formamos juntos num simples segundo.
Tudo o resto é escuridão porque a noite amor…
A noite é nossa!

Fábio Nobre

Um dia amei-te
E nesse dia o Sol não chegou a nascer,

Dei-te tudo o que era meu
Sem nada eu realmente ter.

Vi o meu futuro ao teu lado,
Nós dois juntos abraçados,
Mas depois percebi
Que isso não era o futuro, era o passado.

Uma vaga lembrança do que nunca se passou,
Uma esperança do que se pudesse passar,
Uma ilusão turva e vazia
De quem ama sem saber amar.

Um dia amei-te
E nesse dia o Sol não nasceu,
Sem nada eu realmente ter,
Dei-te tudo o que era meu

Fábio Nobre

No vento flutuam folhas e sonhos.
As folhas vêem-se e tocam-se,
Os sonhos sentem-se e imaginam-se,
Mas folhas e sonhos flutuam ao vento…

É o vento que embala a magia,
Que leva as folhas para longe,
É o vento que trás no dia
Um rosto de esperança e alegria,
Onde os sonhos pousam a sua face.

Talvez eu próprio flutue no vento,
Talvez seja uma folha ou um sonho de alguém,
Uma ilusão, um olhar, um pensamento,
Talvez eu seja o próprio vento também.


Fábio Nobre

As minhas lágrimas são as palavras. As frases são o meu sal. E este será mais um mar que eu crio. Um mar imenso com ondas revoltadas e inconsequentes. Revoltadas por quererem tão veementemente causar impacto. Inconsequentes por não o conseguirem fazer nunca.
Não é fácil criar um mar apenas com lágrimas. Talvez nem seja possível. Mas para mim cada desabafo numa folha de papel é um novo mar. E nele me afogo uma e outra e ainda mais outra vez. Não existem marinheiros nas minhas águas. Ninguém quer conquistar sonhos esquecidos, emoções contidas, sentimentos recalcados. Por isso tudo a mim me pertence, cada pedaço de nada, cada pedaço de tudo.
O que escrevo é meu e só meu. Das outras pessoas apenas espero uma palavra de compreensão ou incompreensão, nunca de julgamento. Ninguém pode julgar um mar onde nunca navegou. A vantagem de não ter nada é ter tudo na palma da nossa mão à distância de um fechar de olhos. E de olhos fechados tudo me pertence como uma própria extensão do meu ser. Dentro do meu mundo sou um rei que se senta no topo da lua.
Escrever para mim é isso. É possuir o universo inteiro na caneta. É ser dono do meu destino, comandar as tropas na busca da vitória numa guerra sem derrotados. Para mim escrever é fazer amor com as palavras. É uma comunhão entre o que sinto e o que transmito. Quando passo para o papel o mais íntimo de mim, tudo o que me é exterior não existe, não faz sentido, não tem razão de ser.
Sou um apaixonado. Um eterno apaixonado pelas letras, pelo que elas dizem e pelo que elas escondem. Juntas fazem a paisagem mais bela, quando se escondem no infinito das palavras e um texto emerge como a noite mais pura. Tento ser luar quando entro neste mundo mágico. Tento perceber cada ideia que coloco no papel como um pai que procura entender o filho.
Sou tão ingénuo quando escrevo! Ingénuo como um bebé que dorme profundamente. Como uma criança que passa horas a fio com o seu brinquedo favorito. Como um menino que corre no jardim atrás de uma borboleta da cor do arco-íris. Como a alma da infância que não deseja mais nada a não ser a simples felicidade de comer um gelado ou de brincar às escondidas até que as pernas lhe doam. É assim que eu me sinto quando começo a divagar pela minha mente. É a criança em mim que me inspira, que me faz ver a realidade sempre com tons de branco e azul, que me diz que é possível viver apenas com os nossos sonhos.
Escrever para mim é isto e muito mais. É um turbilhão de sentimentos que não consigo descrever, é um bem-estar interior, de humildade perante tudo, de esperança em relação ao futuro. É sobretudo a melhor maneira que eu encontro para gritar a plenos pulmões: EU EXISTO!

Momentos que nunca o são


Uma pedra no caminho. Uma criança perdida num beco qualquer. Um mendigo com uma sandes na mão. Uma onda de um mar longínquo. Uma estrela alaranjada no horizonte. Um casal de namorados que passeia de mão dada. Uma senhora a fechar a sua loja. Uns meninos a andar de bicicleta. Um homem que chora lendo uma carta. Um carro desgastado num parque escondido. Umas gaivotas que sobrevoam os barcos dos pescadores. Uma aragem de primavera que se sente. Uma mãe pegando o seu menino ao colo.

Um dia qualquer numa cidade qualquer. Um pedaço de nada na história que não é escrita, nas memórias que não perduram, nas lembranças que são ténues. Momentos que o tempo leva no seu regaço. Momentos que nunca o foram. Poeira de um destino humilde. Aromas desvanecidos, olhares apagados, gestos ignorados. O cheiro a maresia, a linha onde o céu e o mar fazem amor eterno, o abraço do sol às frágeis nuvens brancas. Um fim de tarde. Mais um fim de tarde. Somente isso. Ninguém obtém respostas porque as perguntas nunca são feitas. Se as soubermos fazer, qualquer minuto é especial e único na sua magia de ser irrepetível. A nossa vida são respostas. Viver é aprender a fazer as perguntas certas. É aí que consiste a beleza de viver dia após dia. Surpresa após surpresa.

Que pedra é essa? Porque está sozinha e desamparada? Não será uma refeição abençoada e fruto de uma carinhosa bondade rara? Não são elas que o fazem mais belo? O que é o horizonte senão o limite dos nossos sonhos? Será o verdadeiro amor tão simples como duas mãos entrelaçadas? Terá tido um bom dia de trabalho? Ainda terão forças para pedalar mais uma horinha? Será mais um coração partido neste mundo de corações colados? Será a velhice justificação para o abandono? Será fome ou rotina? Fora ou dentro da tua alma? Haverá laços que são inquebráveis?

Fábio Nobre

Se algum dia a tristeza te atacar...


Se algum dia a tristeza te atacar com as suas garras frias e imundas e tentar apagar o brilho ofuscante que vive dentro de ti, resiste! Faz do amor a tua espada, da coragem o teu cavalo e torna-te no cavaleiro mais forte que alguma vez existiu. Batalha contra as lágrimas que a tristeza te tentará impingir, contra os momentos de solidão que parecem nunca mais cessar, contra os olhares apenas absorvidos pelo horizonte de um passado já distante ou de um futuro ainda longínquo.
Essa luta que travarás vezes sem conta será uma luta só tua, disputada a cada batida do teu coração, a cada lágrima que derramas sem saber muito bem porquê, a cada olhar teu amparado apenas pelo horizonte onde o céu e o mar se encontram. Essa tua guerra será dolorosa, demorada, penosa, lenta como o rastejar de um caracol, fria como a face pálida de quem já não sabe amar, intensa como o crepitar da chama do amor, enorme como um precipício cujo fim não se avista. Sai vencedor e serás senhor de ti mesmo, dono do teu destino e merecedor da vida que queres para ti. Sai derrotado e não serás mais tu, mas apenas uma sombra do que poderias ter sido, um dia nublado em pleno Verão.
Aprende a levar na palma da tua mão o céu inteiro e nos teus bolsos as estrelas mais lindas. Faz das palavras as abelhas que procuram o mel que a vida tem para te oferecer. Faz do teu olhar a força de mil homens que conquistam o palácio mais sublime. Atravessa o rio que te separa da margem das cores. Utiliza aí toda a tua força e bravura e até os imensos mares te parecerão apenas lágrimas de um deus qualquer.
O tempo será um aliado se quiseres. Os dias te saudarão com alegria, te beijarão na face como se fosses um eterno bebé. És um livro onde a tua experiência vai escrevendo páginas e páginas com apenas um capítulo: a tua vida!
Não desaproveites a oportunidade que te foi dada de existires! Chora mas recupera. Sente a dor mas supera-a. Dá passos errados mas corrige-os. Viver é isso mesmo: avançar e recuar, perder batalhas mas ganhar guerras. Qual seria a graça se não tivéssemos que sofrer para alcançar o que almejamos? A vida é uma roleta russa. Há sempre quem não tem a sorte de ter uma noção alargada de felicidade, de quem morre ou desiste pelo caminho, de quem baixa os braços antes do final. A diferença entre um lutador e um derrotado está em ti. Tu delimitas a linha sobre a qual nunca recuarás ou escolhes a falésia para onde fugirás cobardemente. De qualquer forma és tu que escolhes! No comboio da vida o mais importante não é ires em 1º classe mas sim conseguires completar a tua viagem com sucesso.

Fábio Nobre